Aos vinte e sete dias de maio, do ano de 1950, nascia em Salvador, Moisés Alves dos Santos. Próximo de completar seus 60 anos, o Jornal Iuná Notícias, da Fundação Mestre Bimba homenageia esse homem que ao longo dos anos constituiu um legado importante para a Capoeira Regional.
Discípulo do Mestre Bimba, Mestre Moisés, como habitualmente é chamado, foi batizado, aos 10 anos de idade, pelo nome de guerra Sucuiuba, quando começou a aprender a arte da capoeira. Entretanto só levou a praticar com seriedade a partir dos 15 anos.
Quando perguntamos ao Mestre sobre a origem desse cognome ele recorda que o Mestre Bimba considerava os seus movimentos, ágeis e precisos, como as de uma espécie de cobra.
Aos 18 anos serviu o Exercito Brasileiro e como sempre foi dedicado e curioso, Moisés procurou desenvolver outras habilidades, tais como pintura, mecânica, artesanato na madeira e outros.
Em 1970 fundou o Centro de Capoeira Regional da Bahia, localizado no Vale das Pedrinhas, com o propósito de levar aos seus alunos os princípios da boa capoeira ensinados por Bimba, e, a disciplina que ela requer. O Mestre afirma ter ensinado centenas de pessoas, sendo crianças, jovens, adultos e idosos. Dentre elas o Mestre Nenel (filho de Bimba); professor Castanha, que por sua vez, se formou e atualmente é contra Mestre (professor especializado nível 3); professor Garrincha; professor Cupim que levou para a Holanda a divulgação do Centro de Capoeira Regional da Bahia e formou um grupo de alunos por lá; professor Chita; professor Azulão e outros.
Para ele a capoeira é uma forma de inclusão social. “Ali, na roda, todos gingam em um só ritmo, em uma só voz”. E, lhe traz muitos sentimentos, relatou.
A princípio ele nos contou como esse movimento contagiou e tem contagiado a milhares de pessoas em todo mundo. É incrível! Não posso deixar de lembrar como era difícil no começo. O preconceito pelos capoeiristas era notório no meio da sociedade dos anos passados. A capoeira tomou seu espaço e isso tudo se deve muito a luta do meu Mestre. Eu sei que existem outras pessoas que contribuíram e vem contribuído muito para que essa arte não se acabe e ou que ela não perca as suas verdadeiras raízes. Imagino que outro destaque para a capoeira foi o registro como Patrimônio da Humanidade, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Todos nós precisamos conhecer as políticas do Ministério da Cultura para a nossa capoeira. O trabalho precisa ser desenvolvido em conjunto, alunos, professores e mestres precisam se engajar nessa defesa pela preservação das origens da capoeira regional, evitando deturpações da arte. A capoeira ao longo da sua história foi marcada pelos símbolos da luta, vontade, coragem e resistência. Hoje se percebe, que muitas vezes o que é mais importante é a possibilidade dela gerar um negócio lucrativo”, conta.
Quando perguntado sobre seus sonhos ele revelou: “um dos meus sonhos era fazer um evento com os meus alunos e o Mestre Bimba em Brasília. Infelizmente não foi concluído. A morte dele foi muito triste para mim”, lamenta Sucuiuba.
Em 2009 suspendeu, por tempo indeterminado, as aulas em sua academia devido a algumas questões sociais que atingem a maior parte dos bairros em Salvador, tais como a violência.
Atualmente, aposentado pelo Governo do Estado da Bahia, o Mestre Moisés que mora no bairro do Rio Vermelho, divide o seu tempo com a família e amigos.
